Entre o instrumental endodôntico se encontram as limas de preparação do canal radicular. Com o passar do tempo a sua tecnologia avança e desenham-se novas e melhores limas para poder tratar cada caso clínico com maior precisão e comodidade.
É verdade que a grande pergunta que surge aos odontólogos é que sistema é mais completo, porém a resposta é que não existe um que seja perfeito.
Dependendo do caso clínico que tratemos se utilizará uma instrumentação ou outra, ademais de que também é algo que depende muito da metodologia do endodontista, já que existem os mais conservadores que outros. Inclusive muitos endodontistas alternam e combinam as limas manuais, já que as limas K seguem a ser ainda mais prácticas e necessárias, com as limas mecanizadas que são mais custosas e frágeis nos segmentos distais.
Introdução às limas de Endodontia
Antes de começar com o tema central do post, as limas manuais, lembramos-lhe os parâmetros mais importantes a considerar sobre as limas de endodontia:
Classificação: A instrumentária endodôntica se divide em 4 grupos:
- GRUPO 1. Instrumentação para preparar o canal de maneira manual.
- GRUPO 2. Instrumentação para preparar o canal de maneira mecanizada ou rotatória.
- GRUPO 3. Trépanos para usar-se de forma mecanizada (fresas Peso, Gates glidden, etc.).
- GRUPO 4. Instrumentos e materiais para a obturação do canal (cones de papel, condensadores, etc.).
Número de instrumentos dos que consta em cada sistema. Dependendo do fabricante, umas limas terão mais números intermédios ou conicidades diferentes.
Classificação ISO. Nem todas as limas cumprem os requisitos para entrar nesta classificação. Para que formem parte dela, devem cumprir o seguinte:
- O calibre da lima se numera do 10 ao 100, com saltos de cinco unidades até o tamanho 60 e saltos de dez unidades até o tamanho 100.
- As bordes cortantes começarão na ponta do instrumento com denominado diâmetro 0 (D0) estendendo-se exatamente 16 milímetros até a haste, terminando no diâmetro 16 (D16).
- O diâmetro de D16 será 32/100 ou .32 mm. maior que o de D0
- Estas medidas asseguram um aumento constante na conicidade de 0.02 mm. por cada instrumento sem importar o tamanho.
- O ângulo na ponta deve ser 75º ± 15º.
- Os números 6 e 8 agregaram-se mais recentemente para uma maior versatilidade.
Tipo de corte e secção
Número de usos de cada uma. É importante saber quantas vezes se pode utilizar uma lima para evitar fraturas e acidentes. Os fabricantes recomendam descartar o instrumento depois do primeiro uso, porém é verdade que isto muitas vezes não se realiza na prática devido ao custo.
Não há uma regra exata para calcular o número de usos de cada lima. Porém para poder antecipar-nos a fratura deve-se ter em conta o seguinte:
- O estado do canal a tratar. Quanto mais curvo seja o canal, mais forçará a lima.
- O stresse ao que se submeta a lima. Deve-se conhecer as propriedades do material NiTi o melhor possível. Os fabricantes destes instrumentos recomendam como máximo 8 canais (não dentes) se são retos e lisos, e ir diminuindo o número de usos a medida que se dificulta o canal, porém há que observar bem a lima antes de proceder, e antes de qualquer dúvida, descartá-la.
- Não é o mesmo usar limas grossas e resistentes que finas e flexíveis. O ideal seria poder classificar os canais em fáceis, médios e difíceis, porém há muitas categorias intermediarias. Está claro que em canais difíceis as limas se tocarão antes que nos fáceis, porém não há que se reger sempre por esta norma.
Em conclusão, cada vez que se use uma lima, se deve observar cuidadosamente. A decisão final a toma o odontólogo.
Ponta ativa ou inativa? Dependendo do caso, se usará uma ou outra, ainda que a ponta inativa seja mais segura já que com ela é mais complicado perfurar o canal pela passividade da sua força no corte, enquanto a ponta ativa tem um maior fio de corte na cúspide.
Uma vez dito isto, entremos no assunto!
Limas de Endodontia Manual
A continuação detalhamos todas as limas manuais com as suas principais características:
1. Limas K
As mais utilizadas para preparar o canal radicular. Com o tempo têm variado de seção quadrangular em triangular e romboidal, a dar lugar as limas K-Flex e Flex-R.
- De 1.97 a 0.88 estrias cortantes por milímetro.
- Ângulo helicoidal de 45°.
- Disponível em longitudes de 21, 25 e 31 mm.
- Desde o calibre 6 até o 140.
- Instrumento torcionado.
2. Limas C e C+
Lima de exploração do canal radicular. Disponível em longitudes 18mm, 21mm e 25mm e calibres 8-15.
3. Limas endodônticas flexíveis
Diferentemente das limas torneadas, a Triple-Flex é altamente resistente a ruptura, ainda em situações de grande tensão. Instrumento torcionado.
4. Limas Hedströem
Arrasta grandes quantidades de tecido em seu corte por tracção.
- Possui forma helicoidal.
- Instrumento torneado.
- Cortam em um só sentido, de retração, devido a inclinação positiva de suas estrias.
5. Alargadores ou escariadores (Reamer)
Têm a característica de produzir uma demolição passiva. Terá de 0.80 a 0.28 estrias de corte por milímetro na sua parte de configuração transversal triangular. Funções:
- Alargar o canal de maneira uniforme e progressiva.
- Retirar material do canal.
6. Tira nervos
Progressivamente em desuso já que é muito agressivo, se utiliza somente em casos de canais muito largos.
Agora que já sabe tudo sobre limas manuais, veja às limas mais vendidas:
Não tão rápido! Ainda faltam as limas rotatórias. Clica aqui para conhecer o mais importante sobre elas em um artigo muito visual e com conteúdo pontual e prático.
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