O número de médicos dentistas em Portugal tem vindo a crescer constantemente nos últimos anos, chegando agora ao dobro do número de profissionais recomendado pela OMS. Este é um facto chocante, uma vez que parte da população portuguesa não pode visitar uma clínica dentária por questões económicas, a migração de profissionais continua a crescer e o país não tem mais capacidade para integrar graduados em medicina dentária. Não pode perder-se este post, no qual falaremos dos dados mais interessantes que afectam tanto aos profissionais como aos pacientes.
O país tem 11.640 profissionais com inscrição activa de acordo com a Ordem dos Médicos Dentistas (OMD). Esse dado traduz-se num médico dentista por cada 884 habitantes. Não obstante, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda ter um médico dentista por 2 mil habitantes.
Cada ano há mais médicos dentistas
Das sete faculdades de medicina dentária de Portugal saem 500 graduados por ano. Um número que pode ser exagerado tendo em conta a saturação do mercado de trabalho. Nos últimos anos, o número de médicos dentistas tem vindo a crescer de forma constante. A OMD tem agora 11.640 membros activamente registados, contra 7.000 em 2010. Isto significa que em 10 anos, o número de médicos dentistas aumentou em mais de 66%.
O último estudo "Números da Ordem" da ODM, mostra esta tendência crescente no número de profissionais no nosso país. Este é um aumento perigoso porque Portugal não tem a capacidade de fornecer trabalho de qualidade para tantas pessoas. Além disso, deve-se ter em conta que há muitas pessoas no país que não têm acesso a cuidados de saúde dentária e que cada vez mais médicos dentistas estão a decidir trabalhar fora de Portugal.
Migração dos profissionais
Nos últimos anos, cada vez mais médicos dentistas tendem a migrar para o exterior. O número de médicos dentistas com inscrição suspensa na Ordem aumentou no ano passado (95 ou 5,7%) para 1.770. No total, 12,5% dos médicos dentistas têm a inscrição suspensa. Destes, a larguíssima maioria suspendeu a inscrição porque emigrou (um 65,4 %).
A média de idades destes médicos dentistas que cancelam a inscrição cresceu para os 42 anos. Contudo, é de salientar que 55% dos membros suspensos têm menos de 41 anos.
Em relação com os países que recebem a médicos dentistas portugueses, a França é o primeiro país com um volume do 26,5 %, ultrapassando desta maneira ao Reino Unido com um 25,8%. Na seguinte gráfica pode-se observar os países que mais percentagem de portugueses recebem.
Medicina dentária em Portugal
A taxa de mulheres que trabalham como médicos dentistas atingiu 61% e a idade média dos profissionais aumentou para 40 anos. Dos 11.640 profissionais com registo activo na OMD em 2020 são:
- 10.340 de Portugal (90%)
- 585 do Braslil (5%)
- 241 da Itália (2,1%)
- 171 da Espanha (1,5%)
- 59 da França (0,5%)
- 245 de outros países (2,1%)
Em relação aos dados geográficos, os locais com menor número de médicos dentistas com registo activo por habitante são o Baixo Alentejo e o Alentejo Litoral, com uma relação população/doutor com mais de 2.000 habitantes. Do outro lado, os locais que ficam aquém do rácio de média nacional são: Área Metropolitana do Porto, Viseu Dão-Lafões, Coimbra, Terras de Trás-os-Montes, Cávado e a Área Metropolitana de Lisboa.
Estudantes
Dos 3.771 estudantes que estão inscritos nos sete mestrados integrados de medicina dentária presentes em Portugal, 1.454 (39%) são estrangeiros. O número de estudantes de fora de Portugal tem vindo a crescer nos últimos anos, de facto, esse número tem sido triplicado desde 2015.
Os estudantes oriundos de França são os mais numerosos (733), seguidos dos italianos (255) e dos espanhóis (188).
Dos profissionais activamente inscritos na OMD, a maioria formou-se no ISCS EGAS MONIZ, IUCS - CESPU e FMDUP.
Se estiver a estudar medicina dentária, aqui pode consultar as listas que criámos para cada universidade para o ajudar na compra de produtos para o seu estágio.
Quase a metade dos portugueses leva mais de um ano sem visitar o médico dentista
Por outro lado, o Barómetro de Saúde Oral 2021, mostra informação interessante sobre os hábitos dos pacientes. O relatório, afirma que 41% da população portuguesa não visita um dentista há mais um ano. Ademais, 17% dos portugueses diminuíram o número de idas ao médico dentista, sendo que destes, 56,5% justificam a redução com a pandemia da COVID-19 e 9,8% com questões monetárias.
Cerca de 28% dos portugueses nunca visitam o médico dentista ou apenas o fazem em situações de urgência. Entre as justificações para não marcarem consultas de medicina dentária regularmente, há 70% que diz não precisar, 22% que afirma não ter dinheiro, 17% que alega não ter problemas com os dentes.
Os resultados desta edição vão ao encontro do verificado na última edição do Barómetro, com quase 70% da população portuguesa a ter falta de dentes naturais, à excepção dos dentes do siso. Além disso, apenas 61% dos portugueses visita o médico dentista pelo menos uma vez por ano.
Entre as crianças, o Barómetro mostra que 73,4% dos menores de seis anos nunca visita o médico dentista. Esta percentagem subiu face à edição anterior do Barómetro da Saúde Oral. Aliás, até aos 6 anos, têm sido cada vez mais aqueles que nunca vão (ou nunca foram) ao médico dentista.
Os dados acima referidos sugerem que nos últimos anos o número de médicos dentistas no país aumentou, mas também o número dos que são forçados a emigrar para outros países devido à falta de trabalho de qualidade em Portugal. Contudo, não podemos saber com certeza o que irá acontecer nos próximos anos, mas os especialistas já têm teorias diferentes. O que acha? Pode deixar o seu comentário e visitar as nossas redes sociais. Estaremos à sua espera, Até já!